segunda-feira, 15 de setembro de 2008

Texto muito bom!

Um grande amigo meu e do meu pai lançou um blog sobre negócios. Achei muito interessabte um dos textos públicados e resolvi colocar no meu blog. O site dele é http://www.cardozo-group.com/ e esse texto que vou colocar é de sua autoria. Perfeito. Aproveitem. Parabéns Julio! Nota 1.000

O atleta e o executivo: aprendendo com as conquistas, administrando as derrotas


Pequim. Jogos Olímpicos de 2008. Mais de 2 bilhões de expectadores, mais de 10 mil competidores representando 205 nações. Ninguém jamais vai esquecer do americano Michael Fred Phelps, 23 anos, que fez história ao tornar-se o maior atleta de todos os tempos. Conquistou oito medalhas de ouro, superando sete recordes mundiais, inclusive de Mark Spitz, outro fenômeno do esporte. É claro que o sucesso de Phelps deve-se, em grande parte, à genética.

 

Mas não foi à toa que o nadador surpreendeu o planeta. Suas braçadas perfeitas nas raias do Cubo d’ Agua proporcionaram um verdadeiro espetáculo de força, disciplina, perseverança e dedicação. Exemplos que também levaram o brasileiro César Cielo a conseguir o ouro na prova dos 50 metros nado livre e bater duas vezes o recorde olímpico nesse tipo de prova, emocionando o País inteiro. E o que eles podem nos ensinar? Em particular, o mundo corporativo tem inúmeras lições a tirar. 

 

A vida nas piscinas repete os desafios que os executivos encaram no dia-a-dia, na superação dos adversários e de seus próprios limites, na conquista de resultados. São horas, dias, meses, anos de “treino”. Muito “treino”. Por isso, aprendem logo cedo que é mais do que necessário enfrentar uma rotina rígida que não abre espaço para exceções. 

 

É preciso ter garra, força de vontade e ousadia para enfrentar obstáculos. Sobretudo quando se está cercado pelo caos e pela vida frenética, em meio à força motriz, onde as variáveis não são, mas precisam ser, previsíveis. Competir, há tempos deu lugar à incessante busca pelo pódio, onde vencer é o principal objetivo, uma unanimidade.  

 

No entanto, assim como os atletas, os executivos começam a se dar conta que nem sempre a vitória faz parte do show. O maior exemplo foi a participação das meninas da ginástica artística. Pela primeira vez a equipe chegou a uma final olímpica, embora tenha ficado em oitavo lugar. Quem não se lembra do choro copioso do judoca Eduardo Santos, que pediu desculpas aos pais por não ter conseguido levar a medalha?

 

A frustração é um sentimento inerente a quem está no jogo. Ninguém entra para perder, mas saber lidar com o fracasso é uma das maiores lições que devem ser aprendidas. Mesmo quando existe uma imensa expectativa sobre seu desempenho. Vejamos a prova de fogo que o ginasta Diego Hypólito encontrou pelo caminho. 

 

Favorito ao ouro, amargou a sexta posição na final do solo. Sem medalha, o atleta não escondeu os sentimentos de desolamento e tristeza. Chorou em Pequim, porque entende que nem tudo é possível. É assim nas arenas do mundo esportivo. É assim nas arenas do mundo corporativo.

 

Saber administrar as perdas é um grande passo nessa trajetória rumo ao sucesso. Os erros não são apenas perdoáveis, mas identificá-los representa um enorme aprendizado. Significa reconhecer que muitas vezes precisamos cair para levantar antes de saborear a vitória. Que o diga a seleção brasileira feminina de vôlei. 

 

Elas deram uma demonstração do que realmente é reerguer-se após uma tentativa frustrada de subir ao pódio há quatros anos, nos jogos olímpicos de Atenas. Também nos mostraram o que de fato é ser um time. Provaram que para atingir o topo era imprescindível deixar de lado o individualismo. Componente que nos últimos tempos tem faltado à seleção masculina de futebol do Brasil. 

 

Talvez nossas “estrelas” do esporte mais popular do mundo possam aprender que as derrotas são reflexo da falta de humildade, dedicação e amor a camisa. Ou excesso de arrogância. Vou além. Todo profissional deveria se espelhar nessas lições que Pequim trouxe aos nossos olhos. Quem está na briga do mundo dos negócios vive diante de uma eterna zona de conflito, exposto a ferozes competidores disputando as arenas do poder. 

 

Enfrenta marés de altos e baixos, frustrações difíceis de serem digeridas. Competem não apenas com o outro, mas consigo mesmo e com seu próprio desempenho. Deparam-se com as cobranças externas e, principalmente, internas. No universo dos esportes, essa característica é intrínseca, onde cada prova é chamada de competição. 

 

Não há segredo e os aprendizados são longos. Tudo depende única e exclusivamente de você. Algumas vezes, o sucesso é medido pelo desempenho coletivo, outras pelo individual. Independente de qualquer coisa, precisamos destacar o papel de liderança, dentro e fora de campo. No futebol, até encontramos lideranças dentro do time aparecerem nas horas mais difíceis.

 

O capitão normalmente é eleito não por ser o melhor jogador – aliás, dificilmente o melhor jogador é o capitão do time -, mas porque ele se destaca, dentro de campo ele fala e os outros escutam. Esse processo não é outorgado. O treinador observa atitudes e emoções, e a partir destas observações é que escolhe o capitão. Será que no caso da seleção brasileira falta um capitão de verdade? 


Nas empresas, a realidade é bem parecida. Temos bons exemplos de quem sabe comandar seu rebanho. Por outro lado, encontramos organizações desprovidas de um bom líder. Prova disso é que vira e mexe lemos notícias de que faltam talentos no mercado. Certamente, está na hora de formar uma nova geração de CEOs. 

  

Na verdade, precisamos acabar com o perfil do líder tirano, que só acredita na força do resultado por meio da pressão. O técnico Bernardinho reflete bem o que quero dizer. Seu estilo controverso nos mostra que a agressividade nem sempre é sinônimo de vitória. Pelo contrário. A postura de José Roberto Guimarães – técnico da seleção feminina de volei - só reforça o que muitos especialistas em gestão de pessoas vêm frisando. Um bom líder deve, acima de tudo, estar muito próximo de suas equipes. Também é aquele que cobra, mas orienta, mostra caminhos. Que Pequim sirva de semente para todos os atletas, líderes e executivos. Não há conquistas sem um trabalho sério e disciplinado. 

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